Carlos Bica nunca foi um músico convencional de jazz. Teve formação clássica, cresceu a ouvir pop-rock e praticou jazz ou músicas improvisadas. Na sua música, mesmo se nem sempre é evidente, todas estas linguagens coexistem. É daqueles músicos que deixa sempre portas abertas para contaminações, mas nunca fora tão longe, num disco de suspensões, de silêncios, de edificação subtil de melodias, de envolvimentos emocionantes, onde o contrabaixo cria ritmos e harmonias, aproximando-se da música antiga, de fontes contemporâneas, do poema em forma de som, com as faculdades expressivas do instrumento exploradas intuitivamente.
– O Público, Vítor Belanciano